Pular para o conteúdo principal

"Desafios e possibilidades de ensino e aprendizagem em casa"


     O estado de pandemia causado pela novo Corona vírus trouxe consequências desastrosas para diversos setores da sociedade. Entretanto, as pessoas também sofreram diretamente com o impacto da crise. Estar recluso em casa por uma obrigatoriedade e com todos os membros da família não e tarefa fácil.

    Para as crianças, estar em casa com a família era um momento associado ao descanso, aos jogos, ao estar junto e simplesmente não pensar na escola. Mas, na atual conjuntura, a casa transformou-se no escritório dos pais, na escola das crianças, nas únicas relações interpessoais possíveis. Na televisão, apenas notícias nada animadoras em relação ao futuro.

    Estes abalos e intercorrências afetaram diretamente a todos. Contudo, quando encontramos uma criança com TDAH, encontramos outras problemáticas. A dificuldade em controlar impulsos e gerenciar as emoções são alguns dos fatores que podem afetar ainda mais este momento em casa. Hoje, já sabemos que as pessoas que apresentam esse transtorno, tem défices nas suas funções executivas, como a atenção alternada, controle inibitório, resolução de problemas, memória de trabalho, esses défices trarão consequências diretas para a sua aprendizagem.



    A dificuldade iniciar e manter-se em atividades pouco prazerosas e repetitivas (Abud, 2019) são um grande desafio para estas crianças. Por isso, temos que pensar nos papeis de cada um dos envolvidos: família, escola e a própria família.

    Todas essas mudanças alteraram não só o ambiente, como o cérebro das crianças com TDAH, o que repercutirá na sua aprendizagem. Então, quais são as soluções possíveis para que possamos tornar o dia a dia e o processo de aprender melhor?

    Algumas atitudes podem ser tomadas para que possamos facilitar a vida acadêmica deste aluno, que podem e deve ser elaboradas em conjunto com a criança, a família e a escola. Este aluno, provavelmente estará em sofrimento, no sentido de que estar atento à tela quando não é uma situação motivadora, como um jogo, é muito complicado.

    A ajuda e o suporte neste momento serão primordiais para que ele consiga chegar ao final do dia com as tarefas minimamente cumpridas. O esforço deve ser feito diariamente. A figura a seguir apresenta algumas propostas que podem facilitar este dia a dia e a aprendizagem dessas crianças.

    Abrir o diálogo em família, ouvir e pensar em soluções de forma cooperada é o início para solução dos problemas. Depois, identificamos as tarefas e organizamos o dia, sempre a considerar os momentos de pausa, descanso e/ou atividades motivadoras.

    Vale ressaltar que nenhuma dos suportes apresentados serão eficazes caso não sejam pensados em conjunto com a criança e ser reforçado e suportado por outros intervenientes, como família e a escola. Assim, cada medida adotada, deve ser conversada e planejada de forma colaborativa para que consigamos alcançar um maior sucesso no seu desenvolvimento.

    O monitoriamento, no sentido de dar o suporte na medida que cada um precisara é extremamente importante. Desta forma, a parceria e a colaboração são imperativos para alçarmos bons resultados com as nossas crianças.


Autora: MARIANA FENTA - Psicopedagoga, Mestranda em Ciências da Educação Especial - Domínio Cognitivo e Motor, pela Universidade Lusófona na de Humanidades e Tecnologia.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Autismo Evolução, história e definição.

       A expressão autismo foi utilizada pela primeira vez por Bleuler, em 1911, para designar a perda de contato com a realidade, o que acarretava uma grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação (GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004).      No início dos anos 60, um crescente corpo de evidências começou a acumular-se, sugerindo que o autismo era um transtorno cerebral presente desde a infância e encontrado em todos os países e grupos socioeconômicos étnicos-raciais investigados (KLIN, 2006).      Um marco na classificação desse transtorno ocorreu em 1978, quando Michael Rutter propôs uma definição do autismo com base em quatro critérios:   1.     Atraso e desvio sociais 2.     Problemas de comunicação 3.     Comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos. 4.     Início antes dos 30 meses de idade        Kanne...

DIA DO CÉREBRO: a importância da neuroplasticidade na infância

Por Deborah Kerches* O desenvolvimento do cérebro humano inicia-se ainda no período intrauterino, o que vai estabelecer a arquitetura básica, funcionamento e conectividade cerebral do bebê. Qualquer insulto ou prejuízo já nessa fase pode impactar negativamente em relação à saúde física, mental, comportamental e no aprendizado das mais diversas habilidades ao longo da vida. Uma das características mais fascinantes do cérebro é a neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade cerebral ou plasticidade neuronal, que é a capacidade de moldar-se, adaptar-se em nível estrutural e funcional ao longo da vida mediante estímulos recebidos e experiências vividas. A neuroplasticidade é especialmente importante nos primeiros anos de vida, quando o cérebro é ainda mais plástico, maleável, com maior capacidade para desenvolver novas habilidades e competências, o que explica a importância de intervenções precoces quando há atrasos e déficits no desenvolvimento neuropsicomotor e social. Tão impor...

Abril Azul: livro sobre autismo traz conteúdos específicos para crianças, adolescentes e adultos

    O mês de abril é marcado por ações com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o autismo, inspiradas pela campanha Abril Azul. E foi neste contexto que tive o prazer de lançar oficialmente meu livro “Compreender e Acolher: Transtorno do Espectro Autista na Infância e Transtorno do Espectro Autista na Adolescência”, mais especificamente no Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2/04).     O livro é fruto de muito trabalho clínico e pesquisa, além do diálogo constante com outros profissionais que também atuam com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Foi idealizado no formato “vira-vira” para conseguirmos atingir diferentes públicos e tornar a leitura mais interessante, com oportunidades de interação entre toda a família. De um lado, temos informações referentes ao TEA na infância, seguidas de uma história em quadrinhos direcionada ao público infantil. Tais informações incluem: o que é o Transtorno do Espectro Autista, níveis de gravidade, princ...