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Conhecendo o autismo: saiba quais são as principais características

Provavelmente, você já deve ter ouvido falar sobre autismo ou conhece alguém com esse diagnóstico. Informações sobre o autismo estão sendo cada vez mais divulgadas na mídia, em reportagens, filmes e séries, mas ainda restam muitas dúvidas em relação às características, ao diagnóstico e às intervenções que podem ser realizadas nesses casos. Conheça as principais características do autismo e saiba o que fazer para buscar o diagnóstico.

Autismo ou TEA?



Quais são as principais características do TEA?



Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

É possível que você já tenha se deparado com o termo TEA quando ouve falar sobre autismo, mas o que isso significa? O transtorno do espectro autista, ou simplesmente TEA, é a nomenclatura atualizada pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em sua 5ª versão (DSM-5). Esse manual é utilizado internacionalmente para estabelecer critérios diagnósticos padronizados sobre os transtornos mentais, auxiliando os profissionais a direcionarem a avaliação e as intervenções mais adequadas.

Na atualização da 5ª versão, ocorrida em 2014, os transtornos anteriormente classificados como autismo, transtorno desintegrativo da infância, transtorno global do desenvolvimento e síndrome de Asperger, foram agrupados em uma nova classificação, o TEA. Essa mudança aconteceu, pois todos esses transtornos, que eram classificados separadamente, apresentam características em comum, que variam de acordo com o grau de severidade (de leve a grave).

Portanto, o termo TEA representa uma variedade de quadros que se encontram dentro de um espectro, ou seja, de uma gradação de níveis de comprometimento e de apoio necessário para a realização das atividades, contemplando o diagnóstico do que se conhece como autismo.

Para que haja o diagnóstico de TEA, é preciso que o indivíduo apresente as características durante o período de desenvolvimento, estando evidentes em uma idade precoce (1 ou 2 anos de idade), causando prejuízos significativos em diversas áreas do desenvolvimento. Apresentamos, a seguir, as principais características do TEA:

Dificuldades persistentes na Comunicação e Interação Social

Em relação à comunicação, os indivíduos com TEA apresentam dificuldades que variam de acordo com a gravidade do caso, mas dentre as principais características, podemos citar:

  • Atraso no desenvolvimento de linguagem e fala

  • Dificuldades em formar frases completas

  • Dificuldades em iniciar e manter uma conversa

  • Dificuldades de compreensão de expressões de duplo sentido e metáforas

  • Uso inadequado de pronomes e expressões fora de contexto

  • Repetição da fala de outras pessoas (ecolalia)

  • Ausência de comunicação verbal

As dificuldades relacionadas à interação social também podem ser observadas desde idades precoces e, caso não haja intervenções adequadas, podem prejudicar o desenvolvimento global da pessoa com TEA. Podemos destacar as seguintes características relacionadas:

  • Dificuldades em estabelecer e manter contato visual

  • Dificuldades em se relacionar com outras pessoas

  • Preferência por brincar sozinho

  • Dificuldades em fazer amizades e se integrar em grupos

Pessoas com TEA apresentam uma variedade de comportamentos restritos ou repetitivos, que podem, inclusive, prejudicar a realização de atividades do dia-a-dia, dependendo do grau de comprometimento. Alguns desses comportamentos podem incluir:

Como é feito o diagnóstico?




  • Movimentos repetitivos (girar em torno de si, agitar as mãos)

  • Uso inadequado de objetos

  • Fala estereotipada ou repetitiva

  • Interesses fixos e restritos

  • Dificuldades na mudança de rotinas

Frequentemente, pessoas com TEA apresentam prejuízos relacionados à percepção sensorial dos estímulos, podendo manifestar hipo ou hiper-reações diante de luz, dor ou toque. Podem estar presentes também características como tocar ou cheirar objetos excessivamente e demonstrar grande interesse por objetos que giram.

O diagnóstico do TEA deve ser feito, preferencialmente, a partir de uma avaliação por equipe multiprofissional, incluindo médico neurologista e/ou psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e outros profissionais que se julguem necessários, como assistente social, fisioterapeuta e psicopedagogo. A partir das observações de cada profissional em sua área específica, o médico poderá fechar o diagnóstico e fornecer um laudo.

Devido à grande variabilidade de casos contempladas no diagnóstico de TEA, é feita uma classificação de acordo com o nível de gravidade do quadro, o que depende do grau de suporte que o indivíduo precisa para realizar as atividades. A classificação entre os níveis 1, 2 e 3 contempla casos leves, moderados e graves, avaliados de acordo com a independência e os comportamentos relacionados à comunicação, interação e funcionalidade do indivíduo.

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS oferece atendimento gratuito para pessoas com suspeita ou diagnóstico de TEA, tendo como um dos principais serviços de saúde mental o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que pode auxiliar as pessoas com TEA e suas famílias, a partir de avaliações em equipe, orientações e tratamentos, de acordo com as necessidades de cada um. Conheça o CAPS de referência da sua região e se informe sobre os programas oferecidos.

O diagnóstico precoce é fundamental para direcionar as intervenções necessárias, garantindo que a criança possa adquirir novas habilidades e reduzir os comportamentos inadequados, favorecendo sua comunicação, socialização e aprendizagem.

O assunto não se encerra aqui, aprofunde seus conhecimentos, baixe a cartilha gratuita que preparamos para você compreender mais sobre o autismo.


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